Protestos da geração Z: o que une jovens em diferentes países do mundo

  • 26/10/2025
(Foto: Reprodução)
Manifestações lideradas por jovens da geração Z - nascidos da metade de 1990 até o início da década de 2010 - têm se espalhado pelo mundo. No Nepal e em Madagascar, a onda de protestos derrubou os governos. No Peru, presidente recém-empossado decretou 30 dias de emergência em meio à onda de violência. Os protestos também tomaram as ruas de países como Indonésia, Filipinas e Marrocos, por diferentes motivos. Mas quais motivações unem os jovens em todos esses países? Todos estes protestos têm presença maciça de jovens descontentes com as elites políticas e econômicas, em um cenário de “pessimismo palpável” que impulsiona mobilizações. É o que explicou Oliver Stuenkel em conversa com Natuza Nery no episódio do podcast O Assunto da quinta-feira (23). OUÇA NO PLAYER ACIMA. Os protestos da geração Z Professor de Relações Internacionais da FGV, Oliver falou como a geração Z tem a percepção de que as elites políticas estão “desconectadas” dos problemas reais do dia a dia da população. Além da conectividade digital, Oliver listou razões comuns que unem jovens em diferentes países do mundo: Percepção de desconexão das elites políticas em relação aos problemas do dia a dia da população; Desconfiança nas instituições; Insatisfação com serviços públicos ruins e incapacidade do Estado de responder às demandas da nova geração; Desigualdade econômica como principal fonte de mal-estar; Falta de perspectivas de futuro e sensação de que o esforço individual não garante ascensão social como no passado; Diferença geracional: os jovens não acreditam que terão as mesmas oportunidades das gerações anteriores; Incerteza econômica crescente, somada à instabilidade geopolítica; Impacto das novas tecnologias, que trazem mudanças rápidas e podem aumentar a sensação de insegurança sobre o futuro do trabalho. O simbolismo de One Piece Segundo Oliver, o pessimismo é algo palpável em todas as manifestações, mas a interconectividade digital também explica o uso de um símbolo específico que os une: a bandeira de um mangá originário no Japão chamado One Piece. "É sobre piratas que lutam contra uma oligarquia corrupta. [Esse símbolo] acaba surgindo em manifestações em países diferentes, não apenas no Sul Global, mas também, recentemente, nas manifestações nos Estados Unidos." "One Piece", publicado desde 1997 e transformado em anime em 1999, conta a história de piratas que lutam contra uma oligarquia corrupta. "Então, isso realmente tornou-se algo global que, apesar das muitas diferenças em cada país, conecta os jovens manifestantes." A história por trás do 'One Piece' No contexto da série, o protagonista é um candidato a rei dos piratas, em um mundo que é basicamente aquático. Essa bandeira é vista como um símbolo de insurreição contra um poder autoritário. "É um símbolo de resistência e de insatisfação, mas também, talvez, de um certo otimismo — de que é possível, por meio das manifestações, por meio da pressão, fazer uma diferença positiva", avalia Oliver. Um manifestante usa uma máscara enquanto olha perto de uma bandeira de 'One Piece' durante um protesto em Madagascar, em 3 de outubro de 2025 Siphiwe Sibeko/Reuters O exemplo do Chile Na entrevista, Oliver também alertou sobre possíveis impactos negativos das manifestações. Ele advertiu que é “difícil traduzir essa energia nas ruas em avanços institucionais”. E mais: a derrubada de um governo pode criar um vácuo político, que muitas vezes é preenchido pelas Forças Armadas, como ocorreu em Madagascar. O risco de repressão aumenta quando a estabilidade política não é alcançada. Stuenkel citou o Chile como um exemplo de país que conseguiu lidar bem com a instabilidade, promovendo a participação cívica e levando uma nova geração ao poder, embora as tentativas de reescrever a Constituição tenham fracassado. “Eu diria que o Chile talvez represente o melhor cenário, porque as grandes manifestações levaram uma nova geração ao poder, representada pelo atual presidente Gabriel Boric.” “Também há candidatos mais jovens agora à direita, promovendo debates muito organizados — um reflexo de muita maturidade política sobre que tipo de país o Chile gostaria de ser”, conclui Oliver. Ouça a íntegra do episódio aqui. O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 168 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 14,2 milhões de visualizações. Jovens tiram selfie com o palácio do governo do Nepal em chamas ao fundo, em 9 de setembro de 2025 AP Photo/Niranjan Shrestha

FONTE: https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2025/10/26/protestos-da-geracao-z-o-que-une-jovens-em-diferentes-paises-do-mundo.ghtml


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